Punhal, em geral é uma pequena arma branca, de lâmina curta, estreita, penetrante e cortante, e cabo em forma de cruz. Usado desde o início do terceiro milênio antes de Cristo, passou a ser utilizado durante o império romano, juntamente com o Gládio e depois foi largamente usado na Europa medieval, como uma arma de guerra, junto com a espada. O punhal no nordeste do Brasil adquire uma forma mais alongada possuindo ponta, porém, possuindo ou não cortes e se caracterizando como uma arma própria para se ferir com a ponta. A forma do punhal Nordestino, também conhecido como “fura bucho”, deriva dos punhais e adagas portuguesas, espanholas principalmente, com características das armas do Oriente Médio e do Norte da África, lembrando que parte da Europa foi ocupada pelos Mouros e Sarracenos por quase mil anos. Segundo registros de 1817, as facas de ponta do Nordeste teriam nascido na antiga Aldeia de Pasmado, atual cidade de Abreu e Lima, no Estado de Pernambuco, embora a atividade cuteleira na região fosse bem conhecida desde 1780. Essas antigas crônicas dizem que o viajante ao aproximar-se da aldeia já ouvia intenso e marcante som de lâminas sendo forjadas. Naquelas regiões, as oficinas que produziam, entre outros, itens de cutelaria eram conhecidas como tendas de ferreiro, ou simplesmente tendas, e quando a faca era requintada costumava-se chamá-la de “faca-jóia”. Algumas cutelarias de Flores (PE) produziam lâminas de extrema flexibilidade, especialmente para punhais, os quais, segundo alguns autores nordestinos, “retiniam como um sino quando nelas se batia” e apresentavam”, a técnica do enverga-mas-não-quebra, dos cortes e da perfuração sem fazer força”. Também no Nordeste, de forma geral, o punhal servia para o preparo do charque e tomou fama por serem armas dos cangaceiros, do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, o temido Lampião abaixo exibindo seu Punhal.
Família Pereira – Cuteleiros de Lampião É fato bem conhecido entre os estudiosos do Cangaço que os integrantes do bando de Lampião tinham especial predileção por lâminas produzidas pela família Pereira, da cidade de Jardim, no Ceará, a qual atuou nessa área por três gerações a partir dos anos iniciais do século XX. Quando, a partir dos anos de 1960, publicaram-se diversos livros sobre o famoso bando, essa família chegou a ficar conhecida, pelo menos regionalmente, como “os cuteleiros de Lampião”.